O NATAL NO TEMPO DA AVOZINHA

No tempo da Avozinha Sourense, o Natal era a quadra festiva mais linda para as crianças da terra. Esta festividade não era comemorada pelos sourenses no seu conjunto, e nem havia enfeites nas ruas, como actualmente. De facto, era uma festa da família e para a família. Para além disso, fazia sempre muito frio, como é típico do nosso Dezembro, e as pessoas queriam era ficar em casa, no calor das suas lareiras!

Em Soure, o Natal era assinalado, gastronomicamente falando, pelas Broínhas e pelo “Rapado” (muito semelhante às broínhas, mas maior). Estes manjares eram cozidos em fornos, em casa de “forneiros”, que eram donos de fornos e os “alugavam”. Ou seja, os habitantes de Soure faziam a massa das broínhas em casa e depois levavam-nas aos ditos fornos para cozer. Um destes fornos ficava na rua dos Ferreiros, e outro na ladeira dos Fornos, que ganhou esse nome precisamente por lá ter um forno. Por curiosidade, na rua dos Ferreiros também existia um ferreiro!
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Outra tradição sourense da véspera de Natal era as mulheres ficarem a fritar velhoses nos borralhos de suas casas, em fogueiras de lenha. Enquanto isto, os homens habitualmente “comemoravam” alegremente o Natal pelas tabernas da vila…Já as crianças iam para a cama (mesmo que não conseguissem dormir), ou então iam para junto das fogueiras na cozinha. Há meia-noite, as famílias reuniam-se: pais e filhos, avós e netos! Todos se juntavam para a tradicional ceia da Consoada, na qual não podia faltar o bacalhau com batatas e couves. Após o jantar, as crianças iam colocar o sapatinho no borralho, que ficava sempre junto às chaminés. Isto porque, como toda a gente sabe, e já nessa altura acontecia, o Pai Natal descia pelas chaminés para deixar os presentes. Mas as crianças sourenses, incluindo a Avozinha Sourense (quando era uma netinha sourense!), eram umas espertalhonas, porque não deixavam os sapatinhos apenas em suas casas, não! Distribuíam os sapatinhos pelas casas dos avós e dos tios, para poder receber mais prendas.
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A Árvore de Natal estava presente em todas as casas. Era habitualmente um pequeno pinheirinho, que se ia buscar directamente ao pinhal. No tempo da Avozinha, as Árvores de Natal eram enfeitadas com as tradicionais fitas e bolas de Natal, mas também com brinquedos e chocolates, que eram pendurados na Árvore. No topo desta, em vez da estrela de Natal, era habitualmente colocado um boneco do Pai Natal. A acompanhar a Árvore de Natal, não podia faltar o tradicional Presépio.
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No dia de Natal, as crianças acordavam muito ansiosas para ir buscar as prendas aos sapatinhos, logo pela manhã. E isto era só o início dum dia muito animado e feliz! O almoço de Natal, tal como o jantar da Consoada, era passado em família. Mas o mais engraçado vinha depois de almoço…As crianças iam para a rua exibir as suas prendas e as roupas que estreavam no Natal. Eram verdadeiros desfiles de casacos, vestidos, sapatos, pantufas e o que mais houvesse para mostrar. Depois passeavam rua abaixo e rua acima para ver quem tinha os “modelitos” mais bonitos! Só a chuva podia estragar este “desfile de vaidades” infantil!
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E são estas as memórias natalícias da Avozinha Sourense!