domingo, dezembro 10, 2006

AS CHEIAS DO ANTIGAMENTE

No tempo da Avozinha, havia frequentes cheias durante o Inverno. No entanto, a Avozinha não tem memória é de ocorrer uma cheia tão grande no mês de Novembro, como a que ocorreu este ano!
A razão de existirem muitas cheias na altura devia-se ao facto dos rios serem mais estreitos e de não haver o açude que actualmente existe junto ao caminho que passa ao lado do campo de futebol do Sourense (que terá cerca de 40 anos, ou até menos).

A maior cheia de que a Avozinha tem memória ocorreu durante a sua infância. Foi tão grande que conseguiu arrastar um rebanho de ovelhas que estavam a pastar no Sobral. Isto fez com que se concentrasse um grande número de populares na ponte sobre o rio para ver passar as ovelhas, naturalmente já sem vida...
Até na passagem de ano as cheias davam um ar da sua graça, o que tinha grande impacto na vida de muitos sourenses. Isto porque na altura faziam-se em Soure três bailes: um na Associação dos Artistas (no actual edifício da Rádio de Soure), outra na Banda de Soure, e outro ainda para "as senhoras mais finas", no "Clube", que é como quem diz a sede do Sourense. O baile na Associação era o mais afectado, chegando as pessoas a ter de atravessar por uma tábua de madeira a fazer de ponte, que dava acesso à parte lateral do edifício ( que, na altura, correspondia à entrada principal, na rua Evaristo Carvalho). Mesmo com esta dificuldade adicional, as pessoas não eram demovidas da sua intenção de ir ao baile!

Também na infância da Avozinha, existiam barcos de recreio no rio, para que as pessoas pudessem passear (o que era possível numa extensão muito maior que a actual, precisamente porque não existia o açude). Os barcos davam pelos originais nomes de "Arunca" e "Anços", e eram explorados pelo senhor Álvaro Oliveira. Estes barcos adquiriam particular importância na altura das cheias: salvavam os animais que se encontravam nos currais dos Bacelos - cães, galinhas, coelhos, porcos,... (uma verdadeira Arca de Noé...) -, mas também pessoas , nomeadamente uma senhora , chamada Cezília, que vivia na casa, actualmente em ruínas, que ainda é possível ver nessa zona. Essa senhora, durante as cheias, ía para a parte mais alta da casa e começava a gritar que só saía de lá quando o "Alvarito", como ela lhe chamava, a fosse lá buscar.
Já durante o Verão, para que as terras tivessem mais água para a rega, o sr. Pixino e o sr. Estopa improvisavam com engenho um açude feito manualmente, com recurso a canas, pedaços de madeira, redes, etc.

A Avozinha recorda-se com saudade do tempo em que os rios eram maravilhosos - limpos e com lindas margens, preenchidas por extensos campos de milho e de trigo, por exemplo. Outras curiosidades deste tempo era a água "quentinha" do Arunca e a existência de uma linda piscina natural, consequência da construção de um açude junto à antiga ponte do rio, aquela que fica a caminho do cemitério. Era um açude alto, com uma linda queda de água, que atraía muitos visitantes, principalmente gente "fina" (no tempo da Avozinha, como é possível depreender, havia uma divisão entre classes sociais muito mais acentuada que na actualidade!).
Outra característica marcante dos nossos rios era a existência de várias noras, que davam grande beleza a Soure, e que constituíam um verdadeiro ex libris do concelho.

E são estas as memórias da Avozinha Sourense...

2 Comments:

At 1/03/2007 08:27:00 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Não posso deixar de comentar esta secção do blog, quero felicitar pelos autores de "As memórias da avozinha sourense...", isto é uma de muitas maneiras de valorizar a cultura de um povo...

Parabéns pelos textos, parabéns avozinha!



Nyon

 
At 2/14/2007 06:29:00 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Liii cooom muuuiiitaaa ateeencaaaooo,
fooormiiidaaaveeel
Beeeiiijiiinhooos avoooziiinhaaa

 

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